Apesar de concordar com o tom pessoal do autor da matéria sobre “O Suspeito“, discordo da linguagem adotada. Como o autor do ensaio é contra o “Patriot Act”, sempre que pode, desvia-se do assunto principal para dizer que qualquer um que seja contra o dito decreto (ou “medida provisória nos EUA”) faz parte de uma hipotética “parte esclarecida” ou “mais consciente” da sociedade norte-americana.
O que eu acho bacana nos EUA é que, apesar da xenofobia brasileira média – hoje exacerbada pelos aliados Chávez, Castro e Morales – a sociedade é suficientemente forte para não se deixar levar pelas loucuras socialistas, mas também consegue gerar crítica social (em filme) que não perdoa nem seus governantes atuais. Aqui no Brasil, pelo que vejo, até blogosfera quinta coluna surge e usa linguagem violenta se você fizer uma única crítica à administração do sr. da Silva ou aos seus aliados socialistas, comunistas e bolivarianos. Veja você mesmo: não há um único filme no mercado, crítico da administração atual. Não há um único diretor que faça um filme criticando algum aspecto do populismo renovado (ou do “Populismo renovado e carismático”) que grassa este país.
Nos EUA, se você criticar o governo, criticou. No Brasil, apressam-se a lhe chamar de “tucano” para tentar criar uma imagem de “bem” (não-tucanos) e “mal” (você sabe quem). Há um “mensalão”? Argumenta-se que todos assim o fazem. Há corrupção? Idem. Claro, o discurso da antiga oposição se desmancha ao ar. Tudo é maquiavelicamente válido. A antiga posição destrutiva contra, digamos, a Lei de Responsabilidade Fiscal, é esquecida e se a defende, agora, por conveniência (até que o jogo dos grupos de interesses internos, socialistas, bolivarianos e comunistas, consiga modificar a lei com alguma justificativa esotérica).
Eu até concordo que haja problemas com a administração Bush. Governo é governo em qualquer lugar do mundo e sempre faz besteira. Agora, eu reivindicaria aquilo que os – assim chamados – “barbudinhos do Itamaraty” adoram: reciprocidade. Que tal o jornalismo nacional usar o mesmo tom para matérias sobre o Brasil? Quem é a parte “mais consciente” da sociedade? Aquela que se cala quando há um aumento da carga tributária? Aquela que defende o “mensalão”? Ou serão os que pedem subsídios? Onde, meus caros amigos da mídia, está a parte esclarecida da sociedade brasileira?
Difícil responder? Eu sei o porquê. É porque está apenas na cabecinha de cada um. Cada um acha que a sua é a parte esclarecida. Se assim o é, não seria melhor (e até seria uma prova de saudável humildade) esquecer esta tal de “parte consciente/esclarecida” nas matérias? Só acho defensável o seu uso para fins de humor. Ou então como ironia, para mostrar as baboseiras de alguns argumentos.