Um rápido comentário. Lembro de ter ouvido o Samuel falar que “achava que tínhamos aprendido a fazer política econômica”. Pois bem, este é um ponto que cito de quando em vez aqui no blog. Mas eu também já disse que, embora os economistas tenham a tecnologia para fazer boas políticas econômicas, é fato que a transferência intergeracional de tecnologia de política econômica não é igual à transferências similares de tecnologias físicas.
Exemplifico: não é porque passaram-se gerações de ministros pela área da energia que os mais novos desaprenderam a usar tecnologias poupadoras de energia. Entretanto, na área econômica, basta um ministro novo assumir que o temor de que o mesmo destrua a economia do país não pode ser desprezado.
Ou seja, sim, sabemos como resolver o problema mas, não, não há garantias de que vamos usar esta tecnologia. Por que? Porque o custo político de se usar uma tecnologia anti-inflacionária não é igual ao seu custo econômico. Novamente: se eu digo que vou aumentar os juros para combater a inflação, a minha base de eleitores pode ser violentamente contra, mesmo que a população como um todo não o seja.
Não é de hoje – mesmo – que, neste blog, fala-se de incentivos políticos interferindo na economia. Então, o que estou tentando dizer é que o melhor seria criar instituições sólidas para que boas políticas econômicas prevaleçam.
Eu entendo a tristeza do Samuel – sinto o mesmo – mas também entendo que nossos economistas sérios demoraram muito a dar a devida importância ao problema dos incentivos políticos. Não é que não perceberam a sua importância, mas sim que não tivemos uma discussão frutífera – no sentido de gerar resultados – sobre como resolver o alinhamento de incentivos (veja o Nobel do Al Roth, dentre outros…).
O futuro, meus caros, é sombrio.
Zingales, no seu último livro, deixa claro a diferença de governo pró-mercado – que busca entender o papel do vetor de informações de preços como fundamental para a alocação eficiente dos fatores de produção, assim aumentado a produtividade e, consequentemente, levando a um crescimento sustentado com equidade social, obtida da igualde nas oportunidades dos agentes produtivos e de relações de trocas não coercitivas -, de governo pró-empresários que resulta na situação de crony capitalismo e suas distorções, como o que foi muito bem pontuado por Schwartsman quando o mesmo mostra os efeitos da ação do BNDES gerando ineficiências na alocação dos investimentos produtivos e na dificuldade de ação efetiva da política monetária sobre a inflação dão o free lunch dos juros subsidiados concedidos pelo banco em questão. Mises neles:”economia é uma ciência difícil…”