Vejo na blogosfera uma tendência de alguns blogueiros que buscam se auto-afirmar como “independentes” que é interessante: observam a história dos boxeadores e, de forma estranha, perguntam-se como é que os carinhas não podem ter, realmente, pedido para voltar para Cuba.
Na hora de enterrar ACM (ninguém diz que era santo), nem é preciso provas: a blogosfera caiu de pau e muito amigo de mensaleiro saiu-se nos MSN ou Google Talk com frases comemorativas.
Mas na hora de falar do despacho (este é o termo, já que a discussão semântica parece ter engolido a ética e a moral das pessoas), a mesma blogosfera toma ares vitorianos, põe um imenso cinto da castidade e diz que “opinião não pode ser emitida sem provas”. É prostituição vitoriana, se é que me entendem.
É realmente muito engraçado ler isto em alguns “blogs”, já que, agora mesmo, há blogueiros chateados com o Estadão por conta de sua provocativa propaganda sobre a qualidade das informações dos blogs. Aliás, já digo o que acho: nem tudo do Estadão é bom, nem tudo que escrevo é bom (e isto vale para meus amigos e inimigos na blogosfera). A diferença da economia de mercado para a sociedade bolivariana é que existe propaganda e não censura. Entendeu meu ponto? Ok.
Por isto é muito bom ler a opinião inteligente de Sachsida, um economista brasileiro que escreve textos realmente sintéticos e com um bom conteúdo, sem estes “rabos presos” que achamos por aí. Segue:
Se o Brasil tivesse uma oposicao digna desse nome, o escandalo da extradicao dos boxeadores cubanos seria o watergate de Lula. Seria o fim de seu mandato.
Se a oposicao fosse seria, encontraria de quem partiu a ordem para o uso da inteligencia da policia para a localizacao dos cubanos. Chegando nessa pessoa, o segundo passo seria descobrir por que ela tomou tal decisao. Houve contato direto com autoridades cubanas? O governo brasileiro agiu a pedido do governo cubano? Estabelecida essa relacao, esse e um motivo mais do que justificavel para um processo de impeachment do presidente da republica: membros do alto escalao do governo trabalhando a servico de uma potencia estrangeira; a revelia da populacao brasileira.
Outro pergunta que tambem precisa ser explicada: quem REALMENTE encontrou os boxeadores cubanos? Como eles foram encontrados? Sera que a inteligencia cubana ajudou? Sera que agentes do governo cubanos entraram no Brasil? Qual o motivo que levou o governo brasileiro a procurar pelos cubanos? Existem varios bolivianos ilegais em Sao Paulo, eles tambem serao extraditados? Existiu colaboracao entre governos? Essas sao as questoes que a oposicao deveria estar pesquisando.
Repito: esse episodio seria o Watergate de Lula caso a oposicao trabalhasse serio. Afinal, tudo leva a crer que o governo brasileiro trabalhou em conjunto com uma potencia estrangeira a revelia de autorizacao legal para isso.
Entendeu o que ele disse? A questão é muito simples embora alguns ainda insistam em fazer comparações engraçadas (Lamarca bom, cabo raso ruim) ou exigir provas apenas quando lhes convém nos debates (boxeadores não disseram que queriam fugir, logo, não queriam, ainda que estejam num país onde ração de alimento familiar sob vigilância de “médicos” da família é algo…humm…esquece…o parênteses é grande demais para dizer o óbvio: é a ditadura, estúpido).
Por isto é que: i. não estou tão preocupado com a propaganda do Estadão (para mim, o melhor jornal do Brasil, inclusive quando se trata de Economia), ii. não entro mais em debates com certo quinhão de gente que pensa realmente poder torcer a lógica (ou a ética) em nome de uma suposta superioridade de um bando de salteadores só porque, sei lá, um filósofo da USP disse que havia uma tese, uma antítese e uma síntese. Opa, desculpem-me. Quem ficou famoso por esta vulgarização do sofrível Marx não foi nenhum professor universitário, mas sim Stalin, um presidente que, digamos, fez o que muita gente, hoje, neste continente, gostaria de fazer: dar um top-top para vidas humanas.
Pinochet está morto. Mas sua herança está viva: olhe para uma ilhota no Caribe e você logo, logo verá do que se trata.
Claudio
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