Texto pequeno, mas incrivelmente poderoso com um teste empírico elegante.
Categoria: escolha pública
Public Choice: uma conversa algo informal sobre um tema importante
Vamos falar de Public Choice?

Será uma honra rever o Jorge, após tantos anos. Como sabemos, Jorge é o pai da Public Choice no Brasil. Desnecessário lembrar que há uma chamada para artigos na RSP para uma edição especial em sua homenagem.
Ah o link para inscrição: https://cutt.ly/jj4SrQk
Uma apostila nova, sobre Escolha Pública, para leigos
Fazia um tempo que eu pensava no que fazer com este material. Resolvi colocá-lo aqui, para que bons estudantes interessados em Public Choice (Escolha Pública) possam verificar sua maior ou menor utilidade.
Espero que gostem.
Outro ótimo vídeo
Parabéns, Jorge Vianna Monteiro, pelo aniversário!
Apesar da disseminação da avaliação de políticas públicas, ainda veremos políticas ineficazes sendo implementadas. Por que?
Em tempos de avaliação de políticas públicas (termo muito em moda e, certamente, não bem visto por muita gente que, estrategicamente, falsifica suas preferências), é interessante pensar no interessante insight que o artigo a seguir nos proporciona.
Resumidamente: pode fazer sentido (= ser racional, no sentido da Teoria Econômica), em certas situações, para políticos, implementar políticas ineficientes. Isso mesmo.
Busy doing nothing: why politicians implement inefficient policies
Abstract
A substantial body of literature suggests that politicians are blocked from implementing efficient reforms that solve substantial problems because of special interest groups or budget constraints. Despite the existing mechanisms that block potentially efficient reforms, real-world data show that a large number of new programs and policies are implemented every year in developed countries. These policies are often selective and considered to be fairly inefficient by ex post evaluation, and they tend to be small in size and scope. With this background, this paper studies the reasons why a rational politician would implement an inefficient public policy that is intended to obfuscate the difficulties in achieving reforms. The paper uses a simple competence signaling model that suggests that if an effective reform is impossible, engaging in strategic obfuscation through an inefficient program increases the probability of winning a re-election compared to doing nothing at all. This is because an inefficient reform does not lead voters to believe that the politician is incompetent, which a lack of action risks doing. Intentional inefficiency aiming to obfuscate the difficulty of efficient reforms can therefore complement the previous theories’ explanations of political failure.
Viu o resumo? O argumento é mais ou menos assim: sabendo que não poderá implementar, digamos, uma reforma tributária eficaz, o político acaba tentando sinalizar competência aos eleitores com uma política tributária ineficaz.
Como eleitores supostamente identificam a implementação de uma política qualquer com alguma competência do politico (seja por ignorância racional ou irracionalidade racional), bem…é isso aí.
O artigo não apresenta evidências empíricas, mas é interessante pensar que o argumento do autor nos fornece um possível fato estilizado futuro, qual seja: a despeito da disseminação de estudos de avaliação de políticas públicas, seguiremos vendo políticas ineficazes sendo implementadas.
Capitalism & Political Economy – curso online livre do Michael Munger
Julian Simon diria: sou otimista!
Lembra dele? É o antigo Failed State Index (que eu, Ari e Pedro analisamos aqui).
Por que governos privatizam seus presídios?
Eis o anúncio seguido do link para o artigo.
The fifth annual Vincent and Elinor Ostrom Prize has been awarded to Anna Gunderson, Ph.D. student in political science at Emory University (www.annagunderson.com), for her paper “Why do States Privatize Their Prisons? The Unintended Consequences of Inmate Litigation”.
The Ostrom Prize is awarded each year to the single best combined paper and presentation by a graduate student at the annual meetings of the Public Choice Society. The Prize carries a commemorative plaque and $1,000 honorarium sponsored by The Institute for Humane Studies at George Mason University. 2019 is the fifth year for the Ostrom Prize.
Gunderson’s paper was selected as one of three finalists among a field of approximately 20 entries, and then presented on a special session at the 56thAnnual Meetings of the Public Choice Society, March 14-16 in Louisville, Kentucky. Her entry was selected as the winner by a panel of six judges.
“This year’s field of entries was excellent,” President Roger Congleton said, “and the selection committee had a difficult decision to make.”
Ah sim, o artigo.
Why Do States Privatize their Prisons? The Unintended Consequences of Inmate Litigation
Abstract
The United States has witnessed privatization of a variety of government functions over the last three decades. Media and politicians often attribute the decision to privatize to ideological commitments to small government and fiscal pressure. These claims are particularly notable in the context of prison privatization, where states and the federal government have employed private companies to operate and manage private correctional facilities. I argue state prison privatization is not a function of simple ideological or economic considerations. Rather, prison privatization has been an unintended consequence of the administrative and legal costs associated with litigation brought by prisoners. I assemble an original database of prison privatization in the US and demonstrate that the privatization of prisons is best predicted by the legal pressure on state corrections systems, rather than the ideological orientation of a state government.
A democracia já era?
Reflexão do Loren Lomasky.
A Economia Política de “Superman – entre a foice e o martelo”
Publicado aqui como Superman – entre a foice e o martelo, a série Superman: Red Son é uma das melhores histórias em quadrinhos para se usar em cursos introdutórios de Escolha Pública.
Destaque para: (a) as motivações individuais de Stalin, Superman, Lex Luthor, (b) a breve adaptação de Batman e, (c) a escassez do socialismo (e o autoritarismo soviético, algo geralmente analisado de forma incorreta em livros-textos de Economia).
Há alguns problemas de continuidade na história, provavelmente fruto da tentativa dos autores em criar um universo paralelo tão rico, mas não tem como não achar a história interessante.
Umberto Eco estava certo?
ONG’s e eficiência
Há muito tempo, eu, Ari e Marina nos preocupávamos com o problema das ONGs (neste artigo, com dados apenas das ligadas ao meio ambiente por limitações de acesso a uma base de dados mais ampla).
Lembro-me de ter ficado decepcionado quando uma CPI não avançou porque, bem ou mal, tem uma questão de governança importante aí.
Cartas de recomendação (Tullock)
Não seja um “supply-sider de porta de cadeia”
A origem de todo o mal
Tirado de “como funciona o governo”, de Jorge Vianna Monteiro, pela FGV editora, 2007, p.37.
Falhas de governo: Itamaraty
Eis um estudo de caso para pesquisas (futuras porque, pelo visto, ninguém te dará dados agora…): existe aparelhamento do Itamaraty, “coisa nunca antes vista na história deste país”?
Mais do que uma simples sacanagem deste ou daquele ator político, este é um caso clássico de Escolha Pública. Logo, vale como exercício, ainda que especulativo.
Serviço público é coisa séria no país
Principalmente daqueles que não vigiam os movimentos “sociais”, mas sim os outros, certo?
Errado.
Ele pode estar certo
Se o tamanho do governo diminui, sim, eu também “…garanto aos senhores que no ano que vem a economia brasileira cresce numa taxa maior do que está crescendo.”
Mas, espere um pouco. O tamanho do governo diminuirá com o fim da prorrogação da CPMF? Até agora não ouvi um único pio sobre corte de gastos. Nem sobre congelamento na arrecadação. Só ouvi mesmo choro de gente que não consegue pensar em cortes de gastos. Engraçado isto. Para alguns, há sempre “cláusulas pétreas”. Mas, na hora do vamos ver, vale até reforma constitucional. Interessante a lógica da antiga oposição…
Como eu disse…
…a CPMF não era assim tão importante para um governo sem as amarras constitucionais que caracterizam as democracias desenvolvidas.
A língua portuguesa nunca foi levada a sério neste país, né?
Pense na palavra “emergência”. O que lhe vem à cabeça? Um sujeito vestido de bombeiro correndo para um incêndio ou um político gorducho sentado em seu gabinete cochilando?
Pois é. Esta é a importância das palavras. Um sujeito que não sabe o significado de “emergência” é capaz de confundir alhos com bugalhos. Agora pense na origem da CPMF. Lembra de seu caráter emergencial? Muito antes de Bush justificar seus erros e acertos com a ameaça terrorista, o governo não-liberal deste país inventou a catástrofe da saúde.
Mas os anos se foram e o caos não veio.
Aí você pensa nos grupos de interesses que adoram pedir esmola ao governo e vislumbra uma burocracia eficiente no cumprimento de seus desejos. Como nada é assim, você logo diz: “bobagem, isto não existe: a burocracia é muito lenta. Este papo de grupo de interesse é balela”.
Mas, será mesmo? Ou será que o atraso é do interesse dos que pedem o benefício? Em Economia Política é comum ver hipóteses teóricas nas quais o atraso faz parte do jogo (qualquer um que entenda minimamente de estratégia sabe do que falo).
O que é engraçado mesmo, para mim, é como uma “emergência” pode durar meses. Se eu realmente precisasse de socorro, eu faria como certos movimentos sociais: invadiria a granja do presidente e ficaria lá acampado até o final do dia. É uma estratégia muito mais visível, inteligente e com apelo na mídia do que esperar…5 meses.
Ou então não tem emergência e a língua portuguesa é apenas uma ilusão da mente…
Governo é autofágico
Até na hora de fazer graça com o dinheiro dos contribuintes, o Leviatã mostra sua verdadeira face. Hilário!
Vários mandatos são possíveis
Under a political regime of clientelism, voters may be willing to trade-off the fact that a politician is corrupt for a certain policy stance or other desirable benefit (Rundquist, Strom, and Peters 1977). Thus, voters may knowingly vote for a corrupt politicians in exchange for particularistic goods and material benefits, as is commonly the practice in machine politics (Scott 1969). If some voters are compensated for corruption through increases in transfers or public good provisions, then providing information about corruption may also have a minimal effect on the incumbent’s electoral performance.
O trecho acima é de um working paper de 2005 que trata do nosso país. Não sei se virou artigo, mas é bom ver que, ao contrário do que se pode imaginar, reeleição de um político cercado por corruptos (seja ele um Ali Babá ou um fantoche dos assessores corruptos) é algo bem palpável. Basta que se construa uma máquina política que produza espelhos e colares para os eleitores. Por exemplo: se eu dou R$ 100,00 para você, a chance de você votar em mim é maior do que se eu não te dou nada.
Outro ponto interessante: se eu faço com que você possa, por escolha própria, obter um aparelho que lhe permita falar com as pessoas onde quer que esteja a um preço bacana (chamamos isto, claro, de “telefone celular”, mas eu prefiro destacar o pacote de serviços envolvido: mp3, câmera fotográfica, etc), será que você votará em mim? E se eu te dou o equivalente do aparelho em dinheiro?
Veja só: um candidato pode ser punido mesmo que tenha criado toda a infra-estrutura que a esmola do outro lhe permita usar. Em outras palavras, talvez seja importante considerar a forma como o benefício do político lhe é dado.
Eleitores, creio, podem até ser indivíduos cruéis. Digo: talvez eles prefiram que você tire dos outros para lhes dar (a visão errônea, mas difundida, de que, em um mercado livre, só se enriquece se alguém empobrece) do que alguém que crie condições para que todos tenham acesso a um determinado serviço, embora o acesso dependa da renda de cada um. O segundo meio é mais democrático (universal) do que o primeiro (eu escolho quem recebe os espelhos e colares) mas, mesmo assim, o eleitor prefere o meio mais injusto.
John Rawls, se morasse no Brasil, reescreveria suas teses?
A economia política do IPEA, o “professor” e o nome dele (por quilômetro quadrado)
Noblat conta um pouco do episódio bolivariano do IPEA. Leitura divertida, tragicômica ou constrangedora? Você escolhe.