Cheio de ironia, Campos declarava-se um recém-convertido ao nacionalismo (hoje seria chamado de “nacional-desenvolvimentista”, “heterodoxo” e assemelhados). Concluía, em seu Elogio da Ineficiência:
- O Brasil não deve exportar nada que esteja em alta demanda no mercado mundial. O melhor é esperar que haja superprodução, porque aí não temos nenhum sofrimento em entregar os nossos bens ao estrangeiro.
- É melhor exportar pouco, a preços altos, que muito, a preços mais baixos. Se algum de nossos exportadores pretende vender mais barato a fim de aumentar o volume e deslocar concorrentes no exterior, subordinando-se servilmente ao mercado mundial, pancada nele, que a intenção é suspeita e o caso é de polícia.
- Deve-se sempre vender caro e comprar barato. Se é assim que os homens ficam ricos, por que não as nações?
- Quanto a produtos mineirais, o melhor mesmo é conservá-los no subsolo, até que possam ser decididamente industrializados. Assim não ficam buracos nem se estraga a paisagem.
- Cumpre preservar cuidadosamente os déficits de Governo, que são fontes de geração de riquezas; e a empresa pública é sempre preferível à privada, pois descobriu o segredo de dar emprego sem dar trabalho.
Está lá em “A Técnica e o Riso, APEC, 3a ed, 1976, p.27. Ah sim, sobre a xenofobia deste discurso, vale a conclusão do capítulo, na p.28:
Em verdade, em verdade vos digo: o único mal deste país é ter sido descoberto por estrangeiros.