O abaixo-assinado está aqui. O texto é este:
A recente notícia de uma ação judicial contra o economista Alexandre Schwartsman deixou-nos perplexos. Todos nos acostumamos, durante anos, a ouvir críticas muito piores e inverídicas – como a de que o BACEN seria manipulado pelos bancos – sem qualquer retaliação. O respeito à crítica e ao debate transparente sobre a condução da política monetária, inclusive, tem sido um aspecto fundamental da atuação do BACEN, progressivamente construído desde a estabilização, há mais de duas décadas.
A judicialização como instrumento de repressão à divergência representa um retrocesso inaceitável. Felizmente, a denúncia não foi aceita pela justiça. A intolerância com a divergência e com a crítica ácida e o recurso da máquina pública para suprimir o contraditório, por meio da utilização de uma instituição pública para constranger alguém judicialmente, configuram uma prática incompatível com os valores que uma democracia deve ter e cultivar. Essa atitude prejudica a democracia e as instituições e merece o nosso mais veemente repúdio.
É um texto com o qual concordo. Aliás, se a autoridade monetária realmente ficasse ofendida com críticas que classifica como “pesadas”, “ofensivas” ou, sei lá, “criminosas”, ela deveria processar uma lista maior de pessoas, como bem apontou o Mansueto Almeida.
Sim, eu assinei. Sempre achei que é um direito de meus amigos e de meus inimigos fazerem críticas. O mesmo vale para mim. Prestar atenção a uma frase do texto acima: “A judicialização como instrumento de repressão à divergência representa um retrocesso inaceitável”. É exatamente em detalhes como estes que a pouca seriedade de um país pode ir para o brejo. Interessante é fazer o exercício simples: fosse esta atitude tomada nos anos 60, 70 e 80, estaríamos diante de uma repressão autoritária segundo as mesmas palavras de quem, hoje, defende a demissão de consultores (Brasil), alteração de índices de inflação (Argentina), supressão da liberdade de consumir (Venezuela) ou que a liberdade de expressão é apenas um conceito burguês (prencha o parênteses).