
Há várias formas de se pensar no vocabulário apreendido por uma pessoa. Podemos vê-lo refletido na qualidade de suas redações e também em suas falas. Eu diria que o número de palavras que o sujeito utiliza, hoje, é endógeno ao desenvolvimento econômico que lhe afetou previamente.
Em geral, gostamos de pensar nos clássicos como fonte de vocabulário. Shakespeare, por exemplo, é o favorito de muita gente. Outros podem falar de Machado de Assis – e, sim, simplificar seu texto não é necessariamente a melhor forma de desenvolver o vocabulário das pessoas – ou de Monteiro Lobato, só para ficarmos nos autores brasileiros.

Entretanto, a fonte de vocabulário também pode vir de outras manifestações culturais, como…o hip-hop. É claro que uma música de hip-hop não é a mesma coisa que uma peça de Shakespeare na construção da narrativa ou na mensagem moral e ninguém diria que ambas são equivalentes. Mas o bacana é ver que a obra de um músico pode ter uma riqueza linguística (em termos de tamanho do vocabulário utilizado) tão grande ou maior do que as obras completas de Shakespeare.
Vale a pena, contudo, pensar em um detalhe: não será verdade que o estoque total de vocábulos (em qualquer língua) aumenta ao longo do tempo? Então, a pergunta passa a ser: será que, de fato, um compositor de hip-hop está usando o vocabulário atual com a mesma eficiência que o antigo autor inglês?
Pois é. Mudanças culturais ocorrem ao longo dos séculos e a questão do número de palavras não é, assim, tão simples (veja mais detalhes, por exemplo, aqui).Talvez estejamos em um mundo no qual o uso de um vocabulário mais extenso tenha se tornado mais barato a todos, mas isto não significa, necessariamente, que estamos nos igualando a Shakespeare.