O pessoal do Ordem Livre ainda não atualizou sobre o evento em seu blog e, graças ao Bernardo, temos algumas fotos do mesmo. Assim, aqui vai uma rápida exposição do que tivemos.
Bruno falou sobre o problema da lei nos países de tradição “civil law”. Diogo nos lembrou de nossa herança liberal, uma característica intelectual que, creio, deveria ser resgatada. Por fim, eu falei sobre o capital humano dos economistas e do meu (raro) otimismo com a evolução na qualidade da política econômica brasileira.
Aliás, minha palestra está aqui.
Houve um certo debate sobre o Bolsa-Família porque este que vos escreve é um crítico do mesmo, mas não acha que o Bolsa-Família (BF) seja um desperdício. Aliás, é bem simples pensar nisto porque a maior parte dos argumentos contra (liberais ingênuos?) o programa é que o mesmo seria um desestímulo ao trabalho. Ok, digamos que isto está correto. Então o que os liberais diriam sobre o imposto de renda negativo do falecido prof. Milton Friedman?
Bem, eles titubeariam e diriam: “aí não, depende!”
Se depende para a proposta dele, depende também para o BF. Como é que é este “depende”? Se você é um cientista, como no meu caso, deve-se investigar os incentivos do programa para ver se ele gera mais custo do que benefício (sem falar no curto/longo prazo) para as pessoas.
Há, obviamente, o benefício eleitoral de quem propõe um programa destes, que é outra questão importante. Mas nesta outra, Carraro et al (2009) iniciaram um debate que tem seguido pela literatura e que parece encontrar evidências de que o BF gerou frutos para o presidente da Silva.
Enfim, é um debate interessante e infindável, mas, voltando ao evento em si, foi bem mais concorrido do que no ano anterior. O Liberdade na Estrada, eu dizia ao Diogo, bem poderia fazer, ao final, um “livro” ou um resumo do que se pode tirar de todos estes interessantes debates.
Shikida,
Não se pode esquecer que o programa é “Bolsa Família”, e não “Bolsa Indivíduo”. Assim, o desestímulo que a transferência de renda exerce sobre o trabalho afeta a família como um todo, mas não de modo proporcional entre os seus integrantes, como por exemplo, pela redução do trabalho das crianças e das mulheres que fazem jornada dupla (trabalho doméstico domiciliar e trabalho fora).
Inclusive, segundo um relatório do PNUD que li a respeito do impacto do BF sobre a oferta de mão-de-obra, em algumas regiões rurais do Brasil, as familias beneficiadas passaram a trabalhar MAIS. Segundo consta, elas usaram o dinheiro do benefício para investir em suas atividades produtivas.
Abraço
Valeu Shikida!!!!
Parabéns a todos pelo sucesso do evento.
Adolfo