Eis um exemplo de conclusão equivocada a partir de um teste. Vamos inverter a ordem. Primeiro o resumo do artigo:
Nesse estudo, os psicólogos de Columbia perguntaram a estudantes de nível médio como se sentiam em relação ao equilíbrio entre trabalho e lazer em suas férias. Imediatamente depois do período de descanso, os principais remorsos dos entrevistados estavam ligados a não estudar, trabalhar ou economizar o suficiente. Mas quando eles avaliaram as mesmas férias um ano depois, havia maior probabilidade de lamentos por não terem se divertido, viajado ou gastado mais.
E quando questionados novamente, já aos 40 anos, tinham remorsos ainda mais fortes sobre trabalhar demais e não se divertir o suficiente nas férias.
Ou seja, depois que eu alcancei os velhos 40 anos, poupei e estou cansado, sinto-me saudoso dos bons tempos da juventude. Ah sim, se a análise fosse um ano depois das férias, eu lamento não ter feito mais. Provavelmente porque vi que poderia, a posteriori, ter me divertido mais.
Bem, o que os caras concluem deste experimento?
Os preocupados demais com o futuro acabam não aproveitando a vida, o que resulta em frustrações. De acordo com o pesquisador Ran Kivetz, os experimentos mostram que se dar um prazer imediato gastando demais ou comprando algo que não é necessário também resulta em remorso, mas ele é apenas passageiro.
Existe um ponto ótimo para a preocupação com o futuro. Ninguém discorda. Também entendo que o problema do lazer e do trabalho é similar ao problema da escolha intertemporal (não é à toa que ambos são aplicações do modelo de escolha com dotações), mas será que a conclusão é que comprar mais hoje é melhor?
Se eu estiver pobre no futuro porque poupei pouco, será que eu olharia para o passado e diria: puxa, eu me diverti (gastei) pouco e, assim, deveria ter gastado mais, o que me deixaria (mais) pobre hoje? Falta algo nesta análise, não falta? Ou o artigo foi mal interpretado, ou os autores do artigo fizeram metade do trabalho. Bem, para ser honesto, também não tive acesso ao artigo para entender a metodologia mas isto apenas me deixa mais desconfiado sobre o mesmo.
A notícia completa está aqui.