Lembra quando eu comprei o livro sobre a “ciência” do Terceiro Reich por conta do que disse o Cisco? Pois é. Nesta última viagem que fiz, tive uma inesperada estadia em um hotel e um vôo extra. Tudo isto me rendeu o tempo necessário para ler para não enlouquecer. Neste caso, o livro é exatamente o The Master Plan, de Heather Pringler.
Em tempos nos quais o brasileiro médio acha bonito – ou pelo menos não acha errado que o partido governista, seja ele qual for, crie regras absurdas para concursos públicos de órgãos públicos de pesquisa, esta leitura é um belo alerta do que pode acontecer na delicada travessia entre a safadeza não-letal e o fanatismo ideológico. Estamos longe de um governo nazista, obviamente, mas, é bom lembrar, Hitler foi eleito pelo povo.
Voltando ao livro, é fascinante como a cúpula nazista tinha um delirante como Himmler em elevado cargo hierárquico. Um sujeito que tentou forçar a barra com os físicos alemães para construir um “martelo de Thor” (isto mesmo!) que anulasse a energia elétrica dos inimigos ao mesmo tempo em que se recusava a acreditar na possibilidade de construir uma bomba atômica realmente não é meu exemplo de cientista.
Talvez seja meu exemplo de burocrata encarregado da ciência em um regime maluco. Isto é bem plausível. Já vi gente perder a chance de um doutorado em Finanças porque o parecerista afirmava que uma certa universidade brasileira de tons fortemente heterodoxos já tinha um excelente curso de finanças. Obviamente, o – felizmente (para ele e sua família) anônimo – parecerista pensava em Marx e Hillferding e não em, digamos, um simples CAPM. É deste fervor ideológico que nascem os pequenos Himmlers latino-americanos, em geral, macunaímicos, que não matam com armas, mas sim por envenanemento lento e gradual pelo mau uso do poder público.
Quem quiser comprar o livro eu recomendo fortemente.
Um comentário em “Os nazi-arqueólogos, a ciência e um pouco de Brasil”