Periodicamente, a cada dois anos ou coisa assim, a Voltaire Society, uma sociedade de alunos de inclinação intelectual em Oxford, promovia um banquete com Bertrand Russell – o patrono oficial da sociedade. Na ocasião à qual me refiro, fomos todos a Londres e jantamos com Russell em um restaurante. Ele estava então na casa dos oitenta anos, e tinha a reputação de ser um ateu famoso. Para muitos de nós, a questão das opiniões de Russell sobre a imortalidade parecia premente, e perguntamos a ele: “Suponhamos que o senhor estivesse errado sobre a existência de Deus. Suponhamos que fosse tudo verdade, e que o senhor chegasse às portas do paraíso e encontrasse São Pedro. Tendo negado a existência de Deus durante toda a sua vida, o que o senhor diria a…Ele?” Russell respondeu sem hesitar um só instante: “Bem, eu iria até Ele e diria: ‘O Senhor não nos deu provas suficientes!”
(J. Searle, Mente, linguagem e sociedade, RJ, Rocco, 2000)
Quanto ao resto, bem, eu já disse lá em cima: a demanda não existe ou é próxima de zero. E é a mais pura verdade.