1. Infra-estrutura
Mais uma vez, o país está sob o choque de um desastre aéreo.
Fala-se de cerca de 170 mortos.
Vocês vão me desculpar, mas eu não preciso de caixa preta ou laudo técnico.
Sabe-se que ontem houve um acidente com um avião da Pantanal porque a pista, reformada e devolvida para uso há menos de um mês, não recebeu as necessárias ranhuras que garantem maior aderência.
Sabe-se que a INFRAERO, que é quem faz esta liberação, é um verdadeiro antro de corrupção.
Sabe-se que as companhias emergentes do país macomunaram-se com as quadrilhas estabelecidas no poder público.
Sabe-se que é por isso, por este pacto nojento com o que há de mais podre na política nacional, que as companhias aéreas não protestam contra o Governo Federal ou a Infraero, preferindo deixar seus passageiros amargando durante horas nas salas de embarque deste país.
Sabe-se que foi através deste pacto com o que há de mais condenável no poder público que as companhias aéreas emergentes conseguiram enterrar a Varig para abocanhar suas rotas.
Sabe-se que quando a líder da aviação era a Varig e o governo não era petista, não havia apagão nem carnificina de passageiros.
Por isso, enquanto todos ainda esperam a confirmação do número de mortos, deixo aqui o meu laudo: foi assassinato. Assassinato motivado pela ganância, pela corrupção e pelo descaso com a vida.
2. Regulação da propaganda alheia
Em texto publicado no dia 13 no site do Clube de Criação de São Paulo, Jáder Rosseto, da agência Euro RSCG Brasil, lamentava o episódio. Lia-se lá: “Em São Paulo, Jáder Rossetto, que acaba de voltar de Porto Alegre, diz que o melhor a fazer é tocar o barco adiante, já que um pedido do presidente não poderia ser negado.”
Quem acessar agora a mesma página, com data ainda do dia 13, lerá algo ligeiramente diferente: “Em São Paulo, Jáder Rossetto, vp de criação da agência Euro RSCG Brasil, que criou a peça e acaba de voltar de Porto Alegre, diz que o melhor a fazer é tocar o barco adiante. Afinal, um pedido de Brasília não poderia ser negado.”
Como se vê, o “presidente” se tornou algo mais impessoal: “Brasília”. Melhorou? Eu acho que a coisa ficou ainda pior. O que era o mau passo de um homem se tornou uma pressão da burocracia.
Então ficamos assim: “Brasília” agora decide que comercial pode ou não ir ao ar. Lembrando sempre: Rossetto é presidente do Clube de Criação. Descarte-se, pois, que o site tenha distorcido suas palavras iniciais.
Realmente. Só não vaia quem não entende o significado disto tudo. Ou quem não quer saber.
Claudio
p.s. claro, há o “silêncio (cúmplice) dos intelectuais”………