Jornalistas tratam de muitos assuntos e, muitas vezes, não entendem corretamente os termos de cada área. Isto é um perigo quando os jornais locais não sofrem concorrência.
Belo Horizonte não é nenhuma metrópole econômica: não há sede de bancos, não há uma bolsa de valores suficientemente “grande” e, como em qualquer cidade do mundo, o que se tem são empresas e consumidores.
Nossos jornalistas, portanto, têm um potencial maior de escrever impropriedades. Isto é mais grave quando se sabe que alguns editores se acham no direito de modificar seu texto porque pensam entender melhor do que você como atingir o grande público. De fato, muitos entendem, mas o que dizer se ele se engana e seu texto é publicado de forma truncada? Experimente pedir algum tipo de reparação não-pecuniária: muitas vezes a resposta é de uma arrogância ímpar (muitas vezes, a falta de resposta é o melhor exemplo de como “não ser um bom jornalista”).
Bom, qual o motivo de todo este texto? É para recordar um fato que vi e vivi na época em que trabalhei num departamento de economia que divulgava seus dados em entrevistas coletivas. Você, por exemplo, dizia que “o faturamento passou de 5 para 10%, ou seja, um aumento de cinco pontos percentuais”, e o sujeito publicava no jornal que “a PRODUÇÃO aumentou em CEM POR CENTO”.
Primeiro, uma coisa é faturamento, outra é produção. Perguntar, nestas horas, ajuda. Se você é um destes aprendizes de jornalismo econômico, lembre-se disto.
Segundo, quando eu saio de 5% e vou para 10%, eu ando cinco pontos na escala % (percentual). Outra coisa é você dizer que de 5% para 10% houve um aumento de [(10% – 5%) / 5% ]* 100% = 100% (da taxa de variação da variável “faturamento”). Não é usual dizer isto porque a interpretação, para as pessoas, é mais difícil. Uma taxa de crescimento que, digamos, “cresce”, é, na verdade, uma aceleração. Você pode até dizer isto, mas o mais fácil, para o leitor comum é dizer que aumentou em X pontos percentuais.
Eu aposto que muita gente, por exempolo, deve se confundir sobre o recente aumento da taxa básica de juros do banco central japonês (o BOJ). O correto é como diz o cara da CNN Money.
Parece implicância, mas não é. Vi muito jornalista cometer este erro bobo nesta tal terceira capital do país (sou mineiro, mas não tão imbecil a ponto de ser bairrista). Se você conhece alguém que comete este erro, ajude-o a não cometer mais.
Claudio
p.s. Sim, com a tradução fácil da internet, a possibilidade destes erros diminui, mas não necessariamente você entende tudo que um tradutor automático traduz, certo?