Estou arrumando minhas estantes. Nestas horas, você (re)encontra algumas leituras notavelmente atuais. Por exemplo, em 1982, dizia Jorge Vianna Monteiro em seu “Fundamentos da Política Pública”:
Têm sido freqüentes no Brasil as reivindicações propostas por grupos empresariais (ou oferecidas por membros do Governo) de ‘aumento na participação’ no processo decisório de política (basicamente, pelo aumento do número de membros não-governamentaisno CMN, CIP e CDI). Tais propostas corresponderiam de fato a um aumento na [representatividade] das decisões políticas, e esse ‘aumento na participação’ talvez seja uma forma pouco eficaz de aumentar essa transparência porque a) poderá ocorrer a substituição do outro sentido de representatividade [plebiscitos e eleições substituídos pelos grupos de interesse citados no parágrafo] por este; e b) os limites da transparência costumam ser bem mais estreitos que os da representatividade.
Sobre os colchetes: no primeiro, eu corrijo o parágrafo. Jorge havia escrito “transparência”, mas acho que se enganou. No segundo, apenas esclareço ao leitor que, no livro, a discussão era entre dois sentidos que se dá ao termo “representatividade”: o uso de plebiscitos e/ou eleições por um lado, a intrusão dos grupos de interesse nas decisões, como citado no parênteses do parágrafo.
Notável como nada mudou desde então. Em outras palavras, o estudo da Escolha Pública é tão atual como antes…
Claudio