Vejam essa matéria da Slate sobre a história do vibrador desde 1880. Fica evidente que sua evolução técnica reduziu os custos do orgasmo feminino induzido articialmente. Um pouco de microeconomia: pense que existem apenas dois bens: orgasmos individuais (OI) e orgasmos com companhia (OC, isto é, orgasmos obtidos com o auxílio do parceiro).
Para as mulheres os ganhos de bem-estar de bem-estar são inequívocos. O avanço técnico do vibrador fez com que o OI caisse de preço e, portanto, curvas de indiferença mais altas fossem alcaçadas. Se deram bem, sem dúvida, e estão tendo mais OI (OI não é bem de Giffen).
Mas e para o bem-estar dos homens*? O OC feminino tem a vantagem adicional de induzir OC no parceiro. Se o efeito-substituição for forte e o efeito-renda não for capaz de compensá-lo, a queda de preço do OI levará a um número menor de OC femininos. (Se ficou na dúvida, faça o desenho das curvas de indifereça e da restrição orçamentária). O menor número de OC femininos leva a menos OCs nos homens, que terão que resolver o problema com as próprias mãos (desculpem o jogo infame de palavras) e demandarão mais OI.
Outra forma de ver a questão, é imaginar que a evolução dos vibradores e da pornografia levam a um aumento do preço relativo do OC (isto é, à queda do OI) para o indivíduo e para seus parceiro. Estaria aí a explicação por que tais tecnologias de prazer individual tendem a ser reprovadas pelos parceiros.
Ok, a relação entre OI e OC feminino é bem mais complicada, tem ganhos de aprendizado e tudo mais. Contudo, esse exemplo serve para animar aulas de microeconomia na sexta-feira e almoços familiares no domingo.
Por fim, uma sugestão de política:
– Cara mulher de economista: caso o seu companheiro descubra seu vibrador, basta você dizer: “Seu bobo, meu efeito-renda do vibrador é
tão positivo e forte, que eu vou demandar até mais orgasmos em sua companhia.” Ele ficará em paz.
Leo
* Pensei em relações heterosexuais, mas acho que a análise pode ser aberta para o homessexualismo também.
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